1. |
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hoje sonhei que estava num barco muito grande.
eu tinha uma pala no olho, uma perna de pau e um gancho.
éramos muitos e tínhamos uma palavra secreta que era só uma letra, era o pê de pirata, pê!
todos tínhamos tarefas, fazíamos muitas coisas, mas só um pirata é que cozinhava.
ao almoço comemos peixe cozido.
e quando eu saí da mesa tropecei num prego, num prego do barco.
entornei café em cima do mapa do tesouro.
foi sem querer, mas o capitão disse-me:
“vai já limpar o cocó de gaivota do convés!”
e eu fui.
depois veio uma tempestade e eu subi ao mastro para fechar as velas.
quando cheguei lá em cima bati com a cabeça numa nuvem gorda, mas não doeu.
depois à noite fizémos uma festa e comemos polvo assado.
no fim dançámos um bocadinho, mas só um bocadinho, porque os piratas dizem que não gostam de dançar assim tanto.
quando eram pequenos o capitão disse-lhes:
“dançar é só para as princesas, nós só dançamos um bocado.”
mas quando ninguém está a ver, os piratas dançam muito e andam muito à roda.
até cairem no chão.
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2. |
canção dos piratas
02:39
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ei-ho! ei-ho!
sobe a bordo não temas o mar
bem-vindo à nau, vem velejar.
coragem ao peito, olhar ao destino
anda ver as ondas rasgar.
de vento em popa vou navegar
todos comigo sigo a cantar.
espada à cinta sem medo sair
tudo é novo, tudo reluz.
de vento em popa vou navegar
todos comigo sigo a dançar.
tempestades, uma ilha só minha
jóias, moedas, tesouros.
somos piratas, não é a brincar
amigos de água salgada e sol
desejo de ao fim do mundo ir e voltar
vamos já bandeira içar.
de vento em popa vou navegar
todos comigo sigo a cantar.
espada à cinta sem medo sair
tudo é novo, tudo reluz.
de vento em popa vou navegar
todos comigo sigo a dançar.
tempestades, uma ilha só minha
jóias, moedas, tesouros.
ei-ho! ei-ho!
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3. |
remar, remar
03:38
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ei-ho ie-ho
iacata iacata ho
ei-ho ei-ho
iacataca ei-ho
respirar fundo cantar remar
mil gaivotas bailam no ar
remar, remar contra a maré
de manhã cedo falo café
novos ventos força marujo
lava os dentes limpa os pentes
remar, remar contra a maré
ao fim do dia no meu cabriolé
sem descanso sobre as marés
passa o mundo sob os meus pés
ei-ho ie-ho
iacata iacata ho
ei-ho ei-ho
iacataca ei-ho
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4. |
não acordem o capitão
03:34
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5. |
aqui há rato (rapitão)
01:53
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6. |
motim
02:13
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'esta gente cujo rosto
às vezes luminoso
e outras vezes tosco
ora me lembra escravos
ora me lembra reis
faz renascer meu gosto
de luta e de combate
contra o abutre e a cobra
o porco e o milhafre'
(sophia de mello breyner)
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7. |
doce canto, doce pranto
03:05
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doce canto doce pranto
bela sereia lança a teia
cerca o meu espaço
rouba o meu abraço
não, nao me fiques a olhar
com esse ar
de ovelha do mar
espuma da barba
e pantufas de coral
afasta de mim
a tua ginga de sereia
eu sou marujo forte resisto à tentação
mantenho sempre viva
a minha revolução
re-vo-lu-ção
tudo o que eu preciso
é das minhas mãos
do ar que respiro
do invisível pra comer
de'um trapo visto-me pirata
de um naco, de um caco
faço moedas de prata
rochedos à vista
sereias me mordam
se não é engano engodo
isco, ficção
queres vender-me o teu peixe
coisas sem uso
rocas sem fuso
belas telas farpelas
miragem de janelas
mas eu estou desperta, sereia
o teu plástico cor-de-rosa
não me tenta não me cheira
peluches da tv e histórias de terceira
música de hipnotizar
serpentes de trazer por casa
o teu negócio de encantar
vive do vício entranhar
úúú
cuidado companheiro
vê o que eu faço
tapo os ouvidos
traço um caminho
disparo um canhão
afino as velas
navego as águas
e quando páro em terra
é para abastecer
dançar no baile
chapinhar na lama
dormir à sombra da fama
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8. |
tempestade
02:24
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9. |
peixofonia
04:02
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10. |
caça ao tesouro
04:05
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11. |
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